É com liberdade de
"escrevedor" que escrevo uma nova história para a minha vida. E isso
requer a remoção de personagens e fatos amarelados para que o rubro da cor
sustente o pano de fundo de uma história que ainda se encontra em estado de
lindo botão de flor. Essa história só pode ser contada no tempo presente. Não
quero pensar no depois. O depois é matéria-prima da não-matéria: é coisa de
adivinhação. Tenho receio de adivinhar. A surpresa me arrebata porque arranca de mim a reação instantânea. E a falta de reação me
conduz à aceitação imediata. Contar uma história é tarefa árdua. Somente será
digna se houver edificação. Hoje edifico cada passo de minha existência. Perdi
tempo demais com o efêmero. Agora tenho de trabalhar em dobro. E é em dobro
tudo o que busco daqui em diante: o dobro do amor; o dobro da alegria; mas
também o dobro da tristeza e do desamor. Porque a vida é peso na balança; é de
uma dualidade velada. A vida acontece à medida que precisamos de novos
acontecimentos. Quando não precisamos ou não buscamos algo diferente, acontece
à revelia. É um risco humano.
Éd Brambilla. Pequenas Crônicas.
RECICLAGEM. 07.10.2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário