
-Esse tipo de cachorro
é cachorro de viado!...
Eu caminhava lentamente
e já estava de costas para ele, a dez passos de onde estava a mesa.
Nenhum ato é mais
covarde do que aquele que é feito ou dito pelas costas.
Estanquei por uns
segundos, o que fez com com que Lilica, esbaforida como é, soltasse um grunhido
como se dissesse:
-O que é isso,
paizinho?! Quer que eu morra de enforcamento?!
Leleca apenas me olhava
com seus olhinhos que são sempre de doçura e eterna gratidão.
Olhei contente para as
duas e percebi, com um leve sorriso nos lábios, o quanto sou privilegiado por
ser quem e como sou e pensei comigo mesmo, numa espécie de aleluia:
"É apenas um ser
desprovido de inteligência emocional que busca na bebida o que lhe falta na
cabeça..." e conclui: "Mas bem sei que talvez a culpa não seja dele,
que deve ter seus motivos para ser como é..."
Lilica e Leleca
olhavam-me ansiosas: "Vamos, paizinho, queremos passear!", lia eu no
mesmo balãozinho de pensamento que servia para as duas.
-Vamos, meninas!...
Vamos saracotear por aí!... - disse eu também em alto e bom tom ao mesmo tempo
em que me pus a correr com elas (ambas adoram uma corrida assim de surpresa).
Quanto ao chulo... Bem,
continuou lá no 'botequinho' com sua beberagem e sua falta de assunto... E eu
vim correndo para casa para escrever mais uma crônica envolvendo minhas
cadelinhas que valem por mil seres humanos.
ÉD BRAMBILLA. CRÔNICA. COISAS DE BOTECO. 23.10.2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário