Começo este texto
falando sobre Shakespeare, e, principalmente, sobre duas de suas grandes
tragédias: Hamlet e Macbeth. Li as duas um bom tempo atrás; e confesso: li com
olhos de leitor amador. No entanto, agora, mais que reli, estudei Hamlet e
Macbeth através dos olhos d'alma de uma águia única no meio acadêmico, em se
tratando de William Shakespeare: um professor-artista, um notável e aguçado
"shakesperiano". Eu precisei estudar sobre teogonia para melhor
compreender grandes tragédias gregas, como PROMETEU ACORRENTADO, de Ésquilo (o
criador do estilo "tragédia") e ÉDIPO REI, de Sófocles, este
contemporâneo do outro, e que "pegou carona" na genialidade do
primeiro. Por sua vez, ambos beberam na fonte da Teogonia Grega. E William não
apenas bebeu a água da fonte, ele devorou a fonte disso tudo durante o Classicismo,
escola literária que sacudiu a Europa por um longo período, até o século XVII.
Na Inglaterra, Shakespeare brilhou com sua criatividade ao criar suas grandes
obras, inspiradas nas tragédias clássicas gregas. Consciente disso, conclui que
ele, William, apenas tinha criado grandes "paráfrases". Então chegou
o momento da chegada do Professor-Artista "shakesperiano". E ele, com
seus olhos d'alma de águia, descortinou também os meus olhos d'alma e me
ensinou a enxergar verdadeiramente a magia da qual são imbuídos os textos de
Shakespeare. Obras como Hamlet e Macbeth têm elementos temáticos que precisam
de muita agudez e, principalmente, sensibilidade, para ser melhor
interpretadas, como por exemplo, o "clímax" na obra MACBETH, quando o
personagem-título, tornado rei depois de muitas cruezas n'alma, e, sendo ele,
no início de tudo, um homem de virtudes, experimenta a paranoia e a loucura.
Ele se arrepende de todas as suas atrocidades, deseja voltar atrás, mas sabe
que não pode. E esta passagem na peça se dá com um texto falado pelo próprio
Macbeth de modo que o leitor consegue sentir uma adaga a transpassar-lhe o
coração; a mesma adaga usada por Macbeth para ceifar a vida do rei Duncan, do
qual usurpou cruelmente o seu trono, primeiro movido pelas profecias de três
bruxas misteriosas e, depois, insuflado por sua esposa, Lady Macbeth. O grande
diferencial entre as obras de Shakespeare e as tragédias gregas reside no fato
de que as primeiras são comandadas por ações humanas (os personagens conduzem
as rédeas de seus destinos, uma das características do
"antropocentrismo" no Classicismo) e, as segundas, por vontades
divinas (os deuses comandam os destinos dos personagens a seu bel prazer, uma
das características do "teocentrismo"). As tragédias são singulares
em trazerem profundas tenções psicológicas, e, inclusive, muito tempo depois,
uma delas ganhou força através de Freud, como por exemplo o "Complexo de
Édipo", onde o pai da psicanálise faz alusão à obra ÉDIPO REI, de
Sófocles; Édipo matou o pai e casou com a mãe. Não vou descrever aqui tudo o
que os meus olhos agora conseguem vislumbrar em Shakespeare para não ser
prolixo e terminar por escrever um TCC (o que é uma excelente ideia). Termino
com um singelo e sincero obrigado ao grande Professor-Artista com olhos D'alma
de Águia, que se emocionou em sala de aula durante a exibição do filme Hamlet e
contagiou a mim com sua verdade de sentimentos.
Obrigado, Profo Dr. C. E.!
Éd Brambilla. Crônica. UM PROFESSOR COM
OLHOS D'ALMA DE ÁGUIA. 11/09/2015.
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