Meu nome é Leleca. Sou uma “yorkshire”
meiga e delicada. Minha tarde, hoje, foi deliciosamente “irada”. Meu tio, Éd,
resolveu, de última hora, comprar umas coisinhas no mercadinho perto de casa.
Isso foi por volta de seis horas da tarde, “horário de pico”. Meu deus! Nunca
ouvi tanto barulho de carros, motos, caminhões e gente gritando. As derrapadas
e buzinas me deixaram apavorada. Meu tio levou minha mãe, Lilica, uma “york”
muito rabugenta, conosco. Na saída do mercado, mais
que de repente, formou-se um temporal tenebroso, e, em menos de dois minutos,
quando já estávamos atravessando uma avenida muito larga, o mundo desabou em
água. Ó gente, foi um pandemônio! Tio Éd não sabia se socorria as compras,
minha mãe ou eu. Como ele é um “SUPER TIO”, deu conta de tudo: juntou sacolas,
coleiras, mamãe e eu no colo, e correu feito um ensandecido pela avenida. Por
sorte estávamos perto da padaria onde ele sempre me leva e me deixa presa junto
à porta de entrada. A dona Maria – dona da padaria –, outra rabugenta, não
deixa meu tio entrar comigo e minha mãe no interior do recinto. O porquê disso
eu não sei. Não entendo de humanos; só entendo do meu tio, que é o melhor
humano que conheço. Ele me deixa dormir na cama dele e até morder as pernas da
mesa de madeira que ele adora. Tem outras coisinhas que eu faço, mas ele nem
pode saber. E mesmo que ele soubesse, duvido muito que eu seria castigada. Bom,
preciso continuar a história e dar o desfecho: enquanto o mundo anunciava um
novo dilúvio, tio Éd encontrou um cantinho debaixo do toldo da fachada da
padaria. Minha mãe, que é metida a valentona, subiu rapidamente no colo dele e
disse baixinho para mim, em “cachorrês”:
-Eu não estou com medo, mas quero ver o
mundo acabar, assim, de camarote.
Tudo mentira, ela estava morrendo de
medo dos trovões. Eu, como sou sensível a tudo e não tenho o menor problema de
contar isso a quem quer que seja, confesso que estava me tremendo toda... Então,
olhei para o meu tio com olhos de pavor e fiz um “au-au” quase inaudível. Meu
tio é um “cara” muito esperto e muito rapidamente me guardou dentro da camiseta
dele. Só minha cabecinha ficou do lado de fora porque eu precisava respirar,
“né”, gente! E, assim, protegida, parei de tremer... E o meu temor foi embora
resmungando algo do tipo:
-Éd, Éd... Não gosto deste Éd... Sempre
salvando as “yorks” do meu poder.
E tão logo a tempestade passou, fomos
para nossa casinha para fazermos o que mais sabemos: conjugar o verbo amar
incondicionalmente.
Depois dessa aventura toda, me bateu um
soninho... Termino a folha deste diário com vários “lambeijinhos” a todos que
estão me lendo neste momento.
Ah, quase ia me esquecendo, tia
Estefânia foi quem registrou o momento.
Até a próxima aventura, pessoal!
Assinado: Leleca de Fátima Brambilla
Éd Brambilla. CRÔNICA. O DIÁRIO DE LELECA (O TEMPORAL). 18.06.2015.
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