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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

LILICA E AS CORUJAS TONTAS


Imaginem a cena: uma cadelinha yorkshire correndo enlouquecida e sem rumo, um casal de corujas sobrevoando em zigue-zague a pobrezinha, com direito a rasantes e pios de gelar a alma, e eu, que nunca aprendi a lidar com corujas, berrando e correndo atrás de todo mundo. Teria sido apenas mais um passeio corriqueiro pelo condomínio com Lilica, a yorkshire, se não existissem corujas. Justo eu, que amo as corujas. Por outro lado, fiquei feliz com a existência de carros; foi justamente debaixo de um que a cadelinha encontrou abrigo. Uma das corujas passou raspando sobre o teto do automóvel-esconderijo-de-york-doido, e a outra, que devia estar mais interessada na peluda fugitiva do que no próprio rumo, deu de corpo inteiro no vidro da janela do carro. Não, ninguém precisa entrar em desespero, principalmente os amantes de corujas; ela escorreu pela lataria, caiu um pouco tonta no chão, girou feito cachorro doido que tenta morder o próprio rabo e alçou voo novamente quando ouviu o chamado da outra coruja (essa outra me pareceu tonta de forma pejorativa mesmo). Difícil foi convencer Lilica a sair do esconderijo. Ah, não posso deixar de relatar que havia plateia para o espetáculo. Vários moradores dos apartamentos vizinhos assistiam a tudo de suas janelas de sala; todos mudos e com “cara de paisagem”. Desejo que nenhum deles precise um dia lidar com corujas, sejam elas tontas ou não. Das duas uma: quando as corujas avistaram a york, ou elas agiram para defender um ninho com filhotinhos (estes, tontinhos também) ou imaginaram a coitadinha da canina em uma bandeja com uma maça na boca. Se corujas gostam de maçã isso eu não sei, mas que elas devem gostar de york-doido isso é bem provável; e se o motivo tiver sido os filhotes tontos, agora entendo a expressão “Mãe-Coruja”.

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