
Admiro pessoas que possuem o dom do discurso
objetivo, mesmo que o discurso venha sustentado pela superficialidade. Foi
assim que me dei conta de que o mundo, todos os dias, começa a acontecer antes
de mim. Estou sempre tentando alcançá-lo, mas existe uma força maior que me
prende. Um dia me liberto dessa agonia. Sairei da posição ‘atrás de’ para a
posição ‘ao lado de’. E com um pouco de dedicação, poderei, quem sabe, ficar na
posição ‘à frente de’. Mas esta última é sonho, como um sonho consciente que
tive ao ver um pássaro plainando no ar sem grande preocupação. Que inveja eu
senti do pássaro! Também eu gostaria de sair por ai plainando sem preocupação.
Mas isto é ‘à frente de’. Ainda tenho a realidade que precisa ser domada. E a
grande realidade é o mundo em que vivemos. Presenciar a morte é inteirar-se
também de um ato de criação. Porque morrer também é vida, é um nascer ao
contrário. E neste morrer-viver, a vida toma formas e cores de acordo com a
genialidade de cada um. Ainda preciso descobrir a minha genialidade. Tenho
'quase’ certeza de que estou no caminho certo. Preciso apenas decifrar com
cuidado o que está escondido por trás do ‘quase’.
ÉD BRAMBILLA. CRÔNICA. A GENIALIDADE DE CADA UM. 2005.
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