Se você, leitor, leu Dom
Casmurro (Machado de Assis) com "olhos de ressaca", assim com eu, não
deixe de ler O DIABO, de Tolstói (Literatura Russa), para conhecer o também
personagem-narrador Evguêni Ivãnovitch Irtênev;
se já leu os dois romances, preste atenção na tenção psicológica que vai
sendo construída e vai devastando Bentinho e Evguêni durante o avanço das
tramas. É impressionante a semelhança da essência de caráter, que vai se transformando nas entranhas de ambos, e, aos poucos, vomitada
para o exterior, sem o menor pudor. Tolstói e Assis são contemporâneos no tempo
e na escola literária do Realismo/Naturalismo, em culturas muito distintas (o
primeiro viveu de 1839 a 1908 e o segundo de 1828 a 1910).
Tenho pra mim que os dois trocavam obras; assim:
"Caro amigo das terras tupiniquins,
envio-lhe o meu novo romance... Espero que o aprecie... Sem mais, seu criado
Tolstói da Rússia..."
No que o outro
respondia com outra missiva:
"Tens aqui um
grande admirador, ó, digníssimo Tolstói!... Aproveito a ocasião e envio-lhe
junto com a minha missiva um exemplar com dedicatória de meu novo romance, DOM
CASMURRO... Espero eu que também o aprecie, assim como deleitei-me com o seu O
DIABO... Sem mais, seu criado Assis do Brasil..."
Éd Brambilla. Pequenas Crônicas. DOM CASMURRO e O DIABO. 02/10/2015.
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