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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

DOM CASMURRO e O DIABO

Se você, leitor, leu Dom Casmurro (Machado de Assis) com "olhos de ressaca", assim com eu, não deixe de ler O DIABO, de Tolstói (Literatura Russa), para conhecer o também personagem-narrador Evguêni Ivãnovitch Irtênev;  se já leu os dois romances, preste atenção na tenção psicológica que vai sendo construída e vai devastando Bentinho e Evguêni durante o avanço das tramas. É impressionante a semelhança da essência de caráter, que vai se transformando nas entranhas de ambos, e, aos poucos, vomitada para o exterior, sem o menor pudor. Tolstói e Assis são contemporâneos no tempo e na escola literária do Realismo/Naturalismo, em culturas muito distintas (o primeiro viveu de 1839 a 1908 e o segundo de 1828 a 1910).
Tenho pra mim que os dois trocavam obras; assim:

"Caro amigo das terras tupiniquins, envio-lhe o meu novo romance... Espero que o aprecie... Sem mais, seu criado Tolstói da Rússia..."

No que o outro respondia com outra missiva:

"Tens aqui um grande admirador, ó, digníssimo Tolstói!... Aproveito a ocasião e envio-lhe junto com a minha missiva um exemplar com dedicatória de meu novo romance, DOM CASMURRO... Espero eu que também o aprecie, assim como deleitei-me com o seu O DIABO... Sem mais, seu criado Assis do Brasil..."

Éd Brambilla. Pequenas Crônicas. DOM CASMURRO e O DIABO. 02/10/2015.

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