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sábado, 7 de julho de 2012

O GOSTO DAS PALAVRAS

Alguém arrisca dizer que gosto tem a palavra AMOR? Ah, eu não sei que gosto tem para os outros, mas para mim é uma palavra com gosto de morango; mas é de morango no ponto; se estiver verde, o amor é superficial; e se estiver maduro demais, trata-se de amor pesado, que sufoca e faz mal. E SAUDADE, que gosto tem? Tem gosto de restinho de mel no fundo do pote; dá até desespero jogar o pote fora; quem já fez acrobacias para lamber este restinho de sonho, sabe do que estou falando. CONFIANÇA tem gosto cítrico de fruta que precisa ser comida com cautela, como o abacaxi, que, quando comido além do necessário, machuca os lábios e faz sangrar. A palavra VERDADE é pesada, tem gosto de metal frio; talvez seja esta a razão pela qual é tão temida, principalmente pelos mentirosos. E MENTIRA, tem gosto de quê? É o próprio gosto de tudo o que é artificial. O gosto da palavra AMIZADE é de essência flutuante; é um gosto que se capta no ar; não é fácil, há que se ter paladar apurado para saboreá-lo em suas diversas nuances. Experimentar o gosto do que é abstrato é um exercício de fé; e FÉ tem gosto de tudo o que é sagrado para cada um. Eu tenho fé. E você?


Éd Brambilla. CRÔNICA. O GOSTO DAS PALAVRAS. 07/07/2012.

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