Toda doença terminal traz consigo uma densa reflexão sobre o limite do
amar, e, mais que isso, um limite entre a vida e a morte. E neste tênue e
frágil fio condutor de emoções, até que ponto o viver é realmente mais
importante que o morrer? O fato é que uma doença que vem atrelada a uma morte
eminente abala as estruturas de qualquer conjunto familiar. As mudanças que
ocorrem em prol do doente é uma adaptação que, muitas vezes, pode chegar aos
limites de cada um. Em casos assim, é possível que haja uma entrega ou uma fuga
total da realidade. Para uma mãe, em especial, o limite deixa de existir, e
esta passa a ser uma extensão do doente. E todos ao redor, aos poucos, perdem
um pouco da própria identidade. Há que se pensar profundamente sobre a questão
da morte nestas situações, em que o próprio portador da patologia chega aos
extremos de suas forças vitais e passa a olhar para a morte como uma “tábua de
salvação”. É neste ponto que se é possível enxergar a real importância do viver
e, portanto, a ideia do morrer passa a fazer todo sentido. Para os que ficam,
resta a plena sensação de dever cumprido.
ÉD BRAMBILLA. CRÔNICA. DOENÇAS
TERMINAIS: UMA BREVE VISÃO. 2011.
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