Foi quando olhei através da janela da sala, cuja vista dá para um prédio
abandonado, sem vida, esquecido pelo bicho-homem, como tantas ruínas existentes
que guardam uma promessa e uma esperança; baixei a cabeça e olhei para o espaço
que separa, talvez por uns cinco metros de largura, o meu prédio, que pulsa a
vida com todas as suas veias e artérias (umas saudáveis e outras nem tanto), do
prédio "prometido", e vi, solitária, em meio ao espaço seco e improvável
para a gênese, uma pequenina flor, cuja espécie eu desconheço (lembra uma
margarida em miniatura).
A pequena guerreira estava rente à parede do meu lar, voltada para a
minha janela e com as pétalas eriçadas para o alto, bem na minha direção.
Lembrei-me da rosa manhosa do Pequeno
Príncipe, de Saint-Exupéry.
"Uma flor para mim" - pensei. É a vida provando que o impossível é
apenas uma questão de obstinação e uma real vontade de querer "ser".
Desci as escadas de acesso ao meu apartamento, ainda meio zonzo com a
readaptação diária à vida toda vez que acordo do mundo dos sonhos, que, para
mim, se fazem belos todas as noites e me levam aonde a mente pode alcançar, e,
de cócoras, busquei pacientemente um ângulo perfeito para eternizar o meu raro
presente.
Ofereço a minha rosinha, que batizei com o nome de Exibidinha, para
todos os meus amigos, sejam eles reais ou virtuais, porque a amizade é um
estado de fé que independe da matéria física.
Vida longa a todos, AMIGOS!
Éd Brambilla. CRÔNICA. “A Exibidinha”. 31/01/2016. 7:39 a.m.
2 comentários:
A exibidinha do Adelaide... Parece titulo de obra de Nélson Rodrigues!
A exibidinha do Adelaide... Parece titulo de obra de Nélson Rodrigues!
Postar um comentário