ALMa RaBiScAdA

sábado, 30 de janeiro de 2016

DEIXEM OS MARIMBONDOS EM PAZ!

Foi assim: tive de parar o que eu estava fazendo para entrar numa briga de ordem ambiental.
Eita, Diabos!
Do lado de baixo do meu prédio, tem outro prédio – ainda em construção: sem janelas; portas; reboco; etc.. Moro no primeiro andar e os cômodos do apartamento que ficam de frente ao meu apartamento foram habitados por diversos cachos de marimbondos, que não atrapalham a vida de ninguém. As minhas janelas – principalmente a da sala – ficam sempre abertas. Os marimbondos entram, dão um rolê pela sala e depois voltam para as suas casas. Basta não se meter com eles e tudo fica em perfeita sintonia. Acontece que a vizinha do andar térreo, que mora ao lado do apartamento que fica embaixo do meu – que reclama até de respirar –, infernizou a síndica por conta dos bichinhos.
Resultado: de repente uma fumaceira danada começou a entrar na minha sala ao mesmo tempo em que eu escutava barulho de pancadas (nos marimbondos) vindas de um dos apartamentos desabitados – a não ser pelos marimbondos. Corri até à janela da minha sala. Dois rapazes movimentavam-se desesperadamente portando tochas de fogo e pedaços de pau. E era justamente no apartamento cuja sala fica na mira da minha. PRONTO! Um furdúncio estava formado!
Ao avistar-me, um dos rapazes, todo esbaforido, gritou:
-Moço, fecha as suas janelas!
-Não fecho nada! Por que vocês estão despejando os marimbondos? – inquiri.
-Ordem da síndica! A vizinha de baixo reclamou deles – respondeu o Serial Killer de marimbondos.
-E o que foi que os marimbondos fizeram para ela? – quis saber.
Nisso, entrou a vizinha na conversa (olhando de baixo para cima em direção a minha janela):
-Um deles entrou no meu apartamento e me picou!
-Picou?! Por quê?!
-Porque eu bati nele com uma vassoura.
-Ele só se defendeu, ora! Se o tivesse ignorado, ele teria ido embora tranquilamente, como faz aqui em minha casa.
-Pois então pega todos os marimbondos e leva para a sua casa! – replicou a inimiga da natureza.
-Por que não muda você do apartamento? – trepliquei.
-Vai cuidar da sua vida! – respondeu a mal educada.
-É o que estou fazendo, dona! Os marimbondos fazem parte da minha vida e não posso admitir essa matança sem propósito!
Ela, a vizinha, fitando os assassinos de marimbondos e meneando a cabeça negativamente, disse:
-Vou te contar, viu! É cada doido que me aparece!
E antes que eu pudesse responder, ela bateu a janela com toda a força e se enfiou no mundinho dela (sem marimbondos, sem borboletas, sem morceguinhos - porque sempre vem um morceguinho lá do prédio me visitar -, enfim, sem natureza) e deve ter ido fazer as "coisinhas" dela em seu mundinho "engessado".
O que aconteceu em seguida?
Um enxame de marimbondos se pôs a sobrevoar por todos os lados dos dois prédios. Uma gritaria danada formou-se por conta de outros moradores que, curiosos, meteram as suas caras nas janelas de suas salas.
Eu, tranquilamente, me pus a escrever esta crônica enquanto vários marimbondos sobrevoavam desesperados rente ao teto da minha sala. Nunca fui picado por nenhum deles. Nem desta vez.
Um pouco antes do desastre ecológico, ainda tentei negociar com um dos assassinos:
-Moço, o correto é você remover os cachos e levá-los para a mata (referindo-me a uma pequena mata ao lado do prédio abandonado).
No entanto, destruir e matar dá menos trabalho.
Não pude salvar os marimbondos, mas desejei que vários deles (os sobrevivente) conseguissem entrar por alguma fresta de uma das janelas do apartamento da vizinha e picassem muito a "periquita" dela enquanto ela estivesse dormindo.
Azar o dela!
Espero que os marimbondos não morram envenenados com o fel da mulher.


Éd Brambilla. CRÔNICA. Deixem os marimbondos em paz! 20.01.2016.

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