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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

SOBRE AS "ARTES"

Senti uma vontade tão grande de dizer umas verdades!... Na verdade, são algumas singelas constatações: é especificamente sobre alguns, digamos, "intelectuais", e não intelectuais também, que discriminam aqueles que gostam de ver novelas de televisão, alguns estilos musicais, obras consideradas não literárias...  E apregoam um monte de besteiras intelectualistas. Bem, vejamos: vou citar apenas três grandes clássicos da Literatura: AMOR DE PERDIÇÃO, de Camilo Castelo Branco; O PRIMO BASÍLIO, de Eça de Queirós; e MADAME BOVARY, de Gustave Flaubert. A primeira obra é do Romantismo português, a segunda é do Realismo, também português; e a terceira é do Realismo francês. Vamos lá!... Os três romances citados são recheados de tudo o que se vê em telenovelas: dissimulações sociais, mentiras, muita intriga, crimes, violência, preconceito (étnico, de classe social, patriótico, etc.), apologia ao suicídio, e, principalmente, adultério. E muito mais coisas que caberiam aqui, mas não quero encher o texto com questões que todos já conhecem "na ponta da língua".  Mas cabe aqui um silogismo muito repetido por aí, como uma grande frase de efeito (oh, que criativo!), que diz o seguinte: "A VIDA IMITA A ARTE  E  A ARTE IMITA A VIDA". "Muito bom!". Ora, então por que existem as discriminações no mundo das “artes”? Exatamente porque preconceito não se cria, copia-se: DA VIDA. "Funk", "rap", "axé", "novela", "romances piegas”, etc. e etc.. Tudo isso está aí: inserido no mundo; estampado na VIDA. É do cotidiano; é de todos. Tem arte para todos os gostos. E tudo promove ARTE. Classificar “isso” como bom e “aquilo” como lixo é um grande erro – preconceito “burro”. Para repetir outra frase de efeito: A ARTE É SUBJETIVA; o preconceito também o é! Palavrões e erotismo em canções do “populacho” moderno?! Ora, busque por cantigas de escárnio e maldizer do Trovadorismo. São cantigas recheadas de palavrões e erotismo; algumas beiram a pornografia. Promover, por exemplo, a admiração pela Literatura e o ódio pela telenovela, reverenciar um estilo de música e desprezar a outro... Tudo isso é uma grande imbecilidade. Em vez disso, é mais plausível buscar conhecimento sobre cada uma das modalidades de arte, e, com isso, descobrir as diferenças, as intertextualidades, e, principalmente, as semelhanças entre elas. Tudo na vida está interligado. A nós compete apenas ligarmos os pontos; deixar aflorar aquilo que mais tem a ver com a nossa personalidade. Tudo o que está aí já estava pronto quando chegamos. Há, principalmente, espaço para o novo. Se nada agrada, crie você mesmo o seu estilo; sem “apontar o dedo acusador” para outras direções. Enfim, entender o mundo é a melhor forma de combater o preconceito. Mãos à obra, então! Vá conhecer!... É isso o que torna uma pessoa politicamente correta, inteligente e interessante.

Éd Brambilla. CRÔNICA. Sobre as artes. 23/10/2014.

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