Os meus olhos são a minha boca,
O meu olhar a minha fala.
A minha fala são os meus pensamentos,
Os meus pensamentos o meu mundo.
O meu mundo é o meu corpo,
O meu corpo a casa de minh’alma.
A minh’alma são os meus limites,
Os meus limites o meu amor.
O meu amor é traduzido por ternura,
A ternura o afago de minha mãe.
Minha mãe é o meu anjo protetor,
O meu anjo protetor o Meu Deus.
O Meu Deus é a minha fé,
E a minha fé não tem tamanho.
E o meu tamanho é do Tamanho de Deus.
Caio comunicava-se com a alma, através do olhar. Ensinou para as pessoas que com ele conviveram, o que cada uma precisava aprender; o dinheiro perdeu a importância para àqueles que o consideravam essencial; a perfeição estética deixou de ser meta para os vaidosos; a depressão tornou-se insignificante aos olhos dos melancólicos. Caio tivera todos os motivos para abandonar a batalha, mas preferiu lutar; manteve suas frágeis mãozinhas agarradas a cada fio de esperança; sugou humildemente cada gota de vida que lhe fora permitida. E assim o fez - mais por sua Mamãe do que por si próprio - até terminar sua missão. Quando sentiu que sua Mamãe crescera em amor e espiritualidade suficientes para caminhar sozinha, calou-se e deixou que o Deus decidisse o seu destino. Aos poucos, foi despedindo-se de sua Mamãe. Ela sabia que estava chegando o dia de seu pequeno anjo partir através de complicadas manifestações físicas que aumentavam a cada momento. Mesmo assim, o Menino mantivera-se sereno. Em cinco de julho de dois mil e oito, às 22h30, Mamãe entrou na U. T. I. para dizer ao Valente Pássaro que estava pronta para separar-se dele fisicamente. Os dois tiveram uma conversa secreta. Às 02h00 - já era domingo -, Mamãe foi à capela do Hospital para agradecer ao Deus o anjo enviado, e que, naquele momento, estava a devolvê-lo ao seu verdadeiro lar. Terminada a prece, saiu da capela rumo a U. T. I. Quando chegou à porta da grande sala, uma enfermeira a aguardava. Não houve um diálogo de palavras entre as duas, mas apenas de olhares e expressões. E foi dessa maneira que a enfermeira comunicou a Mamãe que o Pequeno Pássaro havia alçado voo, às 02h45. A tranqüilidade de seu voo pode ser experimentada no poema ADEUS:
Quis o sol para que houvesse calor
Quis o céu azul, da cor da simplicidade
Não era primavera, mas as flores vieram me saudar
Elas deixaram o dia perfumado
O dia ficou com o cheiro da paz
Meus amigos vieram todos me desejar uma linda viagem
Em cada adeus deixei uma benção
Em cada benção deixei um pouco de minha energia
Em cada coração plantei uma semente de coragem
Também havia música, bastava fechar os olhos e ouvir
Eram notas de harpas
E o anjos? Ah, como eram esplendorosos!
Foi um dia de comunhão
Foi um dia de adeus
Mas também foi um dia de libertação
Agora sou luz de Deus
Agora sou vida em movimento
Agora sou a doce lembrança do frescor da manhã
Que dia lindo Meu Deus! Que dia lindo!
E aqui fica o meu Adeus!
Foi desfecho de grande luta a conquista de liberdade entre Pequeno Caio e sua Mamãe, e esta, agora, conduz sua porção de mundo com magistral sabedoria; vive intensamente cada momento de sua vida; aprendera a buscar o que realmente vale a pena; a suplantar problemas, agora insignificantes, se comparados a esse valente Menino-Pássaro, Menino-Anjo, Menino-Amor; e ela leva em seu coração a energia renovadora de um amor encantado. Voa Pequeno Pássaro; Vá em busca do teu pedacinho de céu; Viaja no tempo e rebusque tua verdade; Voa mansinho e encontre em Deus a tua verdadeira felicidade.
Éd Brambilla. CONTO. PEQUENO CAIO: O MENINO PÁSSARO. 10/10/2010.
2 comentários:
Pequeno Caio, o pássaro da minha vida... <3
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