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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

"A GENTE" QUE RENEGA "AS GENTES"

Falo sobre "a gente" que tem uma "opinião inquestionável" para tudo e, no entanto, tem dificuldade de se levantar do lugar até mesmo para fugir de um incêndio para salvar a própria vida.

Falo "da gente" que quer ditar o que é moral, amoral e imoral a partir das próprias "verdades" e não é capaz de compreender nem mesmo um ínfimo pedido de socorro de quem está debaixo do mesmo teto.

É "uma gente" que diz as frases 'Eu te amo!' e 'Eu não te amo!' como se entre elas não houvesse nenhuma dissonância.

"Essa gente" pensa ser mais gente porque ACREDITA estar minuciosamente engajada num bom e velho padrão social – estritamente convencionado.

Em "Assim Falava Zaratustra", de Friedrich Nietzsche, na crônica "Ler e Escrever", tem uma curta e contundente observação que expressa, sem o menor pudor, o espírito assassino que "essa gente", de tão cega pela hipocrisia, nem desconfia que tem: "[...] Não é com ira, mas com riso que se mata. [...]

E assim tem feito "essa gente" de espírito aprisionado. Gente que tem matado com um riso superficial, ao mesmo tempo aniquilador, quando constata que um semelhante seu não se assemelha, não se encaixa e não aceita completamente o bom e "irretocável" padrão social. "Essa gente" aniquila "gentes" usando uma ou outra crença como escudo. "Gente" que esconde "gentes" porque a "moral" deve ser preservada. "Gente" banhada em preconceito, talhada pela intolerância e ignorância.

Quão pobre é "essa gente"! "Uma gente" que não se dá conta de que carece de autoestima. Que, por mal conseguir sustentar a si mesma, abomina e foge "das gentes" de espírito livre.

Para "essa gente" falta empatia. Sem empatia, não há evolução. Sem evolução, "essa gente" dificilmente descobrirá as próprias falhas. E se descobrir, não saberá lidar com elas. Não sabendo lidar com elas, as negará. Negando-as, sempre buscará uma forma de culpar o outro. A culpa no outro é um antídoto para "essa gente". Suas falhas deixam de existir. A culpa é "das gentes". E "essa gente", enquanto negligenciar a existência mentirosa a qual está submetida, enquanto não permitir-se evoluir, jamais conhecerá o sabor, a leveza e a hombridade "das gentes" cujas essências flutuam. Flutuam porque aprenderam a mergulhar em si mesmas. Lutaram contra seus medos, conflitos e angústias; venceram. E "essa gente" nunca entenderá o real significado de verdadeiramente SER.

Há "gente" que nunca mudará de opinião e há "gente" que ainda tem a chance de mudar de opinião através do amor incondicional. Para esta última "gente", luz.

A "essa gente" desejo que ao menos sintam desejo de se libertar.

Éd Brambilla. Crônica. "A GENTE" QUE RENEGA "AS GENTES". 24/12/2017.

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