Desde
que o mundo é mundo, o bicho-homem, para se construir como sujeito e
materializar suas ideologias, depende, incontestavelmente, da
natureza que o cerca. E, para atingir seus objetivos, desconstrói e
agride indiscriminadamente essa mesma fonte que o alimenta. A
necessidade do Homem em agregar valores subjetivos e coletivos a sua
existência vai de encontro à necessidade da Natureza de existir em
sua plenitude e direito; não se construiu ainda um meio termo para
que Homem e Natureza coexistam de maneira sobretudo mutualista; o
parasitismo ainda é a mola-mestra unilateral – por parte do Homem
– dessa relação. Nesse jogo de vaidades para impor seu poder de
espécie privilegiada, o Homem caminha produzindo informação,
tecnologia e valores numa eterna ressignificação de seu
egocentrismo. No entanto, e apesar de todo o seu notável esforço, o
Homem, quanto mais apregoa a sua evolução e magnificência
existencial, não se dá conta de sua miserabilidade solitária
intrincada na alma: o Homem é solitário em si mesmo porque enxerga
a transformação em seu exterior e não se dá conta de que a
transformação é em si mesmo, em sua essência. No final de tudo,
depois de toda a experimentação de prazer, não lhe resta nada mais
a não ser questionar-se: Por quê? Para quê?
Para
arrematar este texto, tomo emprestada uma visão – ainda tão
moderna e pertinente ao tema aqui tratado – do filósofo alemão,
Friedrich Wilhelm Nietzsche, que escreveu em sua obra, "Assim
falava Zaratustra":
“(...)
O homem e a sociedade vivem na hipocrisia, à sombra de valores que
não correspondem às aspirações do ser humano, porquanto marcados
e conduzidos por um conjunto de leis, costumes e tradições que se
já se comprovou, além de desgastadas pelo tempo e pela maldade dos
homens, aleatório e inútil (...)”.
Éd
Brambilla. CRÔNICA SOCIAL. A NATUREZA E A (DES) CONSTRUÇÃO DO
SUJEITO. 14/11/2015.
Imagem:
retirada da web.
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