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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A NATUREZA E A (DES) CONSTRUÇÃO DO SUJEITO


Desde que o mundo é mundo, o bicho-homem, para se construir como sujeito e materializar suas ideologias, depende, incontestavelmente, da natureza que o cerca. E, para atingir seus objetivos, desconstrói e agride indiscriminadamente essa mesma fonte que o alimenta. A necessidade do Homem em agregar valores subjetivos e coletivos a sua existência vai de encontro à necessidade da Natureza de existir em sua plenitude e direito; não se construiu ainda um meio termo para que Homem e Natureza coexistam de maneira sobretudo mutualista; o parasitismo ainda é a mola-mestra unilateral – por parte do Homem – dessa relação. Nesse jogo de vaidades para impor seu poder de espécie privilegiada, o Homem caminha produzindo informação, tecnologia e valores numa eterna ressignificação de seu egocentrismo. No entanto, e apesar de todo o seu notável esforço, o Homem, quanto mais apregoa a sua evolução e magnificência existencial, não se dá conta de sua miserabilidade solitária intrincada na alma: o Homem é solitário em si mesmo porque enxerga a transformação em seu exterior e não se dá conta de que a transformação é em si mesmo, em sua essência. No final de tudo, depois de toda a experimentação de prazer, não lhe resta nada mais a não ser questionar-se: Por quê? Para quê?

Para arrematar este texto, tomo emprestada uma visão – ainda tão moderna e pertinente ao tema aqui tratado – do filósofo alemão, Friedrich Wilhelm Nietzsche, que escreveu em sua obra, "Assim falava Zaratustra":

(...) O homem e a sociedade vivem na hipocrisia, à sombra de valores que não correspondem às aspirações do ser humano, porquanto marcados e conduzidos por um conjunto de leis, costumes e tradições que se já se comprovou, além de desgastadas pelo tempo e pela maldade dos homens, aleatório e inútil (...)”.


Éd Brambilla. CRÔNICA SOCIAL. A NATUREZA E A (DES) CONSTRUÇÃO DO SUJEITO. 14/11/2015.

Imagem: retirada da web.

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