ALMa RaBiScAdA

sábado, 25 de junho de 2016

CORPO D'ALMA


Quando a Alma grita
E em desespero se destroça,
Também o Corpo grita –
Aniquilado – em resposta.
Vagueia o Corpo – ressequido –
Com sua Alma descomposta,
E vê, mudo, ressurgindo –
Sabe-se lá de onde –,
O fel doido e frio de outrora,
Que se lhe brotara pela fronte.
“Não para, Corpo!” – clama-lhe
A Alma; “Caminha mais longe
E sem descanso” – suplica-lhe,
Doida de horror e sem horizonte,
A negra alma em desamor.
O Corpo – trépido – não se aguenta
E, em suas reminiscências,

Tudo o que se lhe sustenta
São parcas lembranças – menos tristes –
Que lhe fugiram a sua dor e, agora,
Pesaroso, caminha o seu Amor.
“Sustenha-se, Corpo!” – grita-lhe a Alma;
“Leva-me daqui, sem demora!”, implora,
Ofegante, a Alma doida de horror.
“Não, Alma!” – responde-lhe em desafio
O Corpo ressequido que vagueia – triste –
No encalço de seu Amor.
“És tu, Alma insana, a fagulha
Que me sustenta! E se tu não
Me alimentas, que faço eu
Em teu favor?”
A Alma – ultrajada – grita.
O Corpo – maltratado – grita.
A Coragem – debilitada – grita.
O Amor – ressequido – se agita.
Alma, Corpo e Coragem se calam.
O Amor, cheio de uma vontade aflita,
Dos odores do fel da vida, corre.
Mortificado, sangrando, foge;
Desnorteado, cai, e, aos prantos, MORRE.


GÊNERO: Poema Poético
Concepções: Romântica / Gótica / Existencialista


Éd Brambilla. Poema Poético. CORPO D’ALMA. 19.06.2016.

Nenhum comentário: