É tempo de
compreender que se pode amar verdadeiramente o outro sem nunca tê-lo lido com
os sentidos físicos. Trata-se, isso, de uma dádiva, porque se deve amar, em
primeiro lugar, a alma; o corpo é apenas uma "casca", o guardião
daquilo que pode ser bom ou ruim. Uma noz, apesar da firme casca, é muito
saborosa. Já o fel, guardado por um delicado invólucro, é extremamente amargo.
E assim são as "cascas" de tanta gente: umas guardam almas que já
nasceram abençoadas; outras guardam almas que padecem de amargura. Acontece
que, em geral, amam-se as primeiras de imediato, e, por pura falta de dádiva,
cria-se uma distância das segundas, que padecem da carência de uma alma amiga
que lhes toquem a dura essência.
Amor incondicional é isso: tocar as
duras "cascas" e investigar a origem do fel. Só assim a luz do amor
verdadeiro conseguirá tocar nessas almas amarguradas. É muito mais edificante
tocar as "cascas" que contém o gosto bom. Já as “cascas” que contém o
fel, exigem fé, amor e paciência. E o mundo anda, também, duro demais em sua
grande "casca". E isso tem contaminado muitos daqueles de
"cascas" abençoadas. Apenas os de "cascas" realmente imunes
à indiferença têm sobrevivido.
Lembre-se: AMAR é um exercício diário
de fé e de coragem. Caso contrário, também a sua "casca", mesmo
abençoada, acabará por contaminar-se com o fel da vida. Trabalhe a indiferença
diariamente; olhe; perceba; busque... Mesmo que nas profundezas do outro, o que
está escondido. É assim que se estabelece o amor incondicional. Não há tempo
certo para o início. O tempo é o seu tempo. É no momento que se sentir tocado
na "casca".
Éd Brambilla. Reflexão. A
"CASCA" DA ALMA. 17/08/2013.
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