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quinta-feira, 29 de março de 2012

O PEREGRINO



Em versão ilustrada, a lendária narrativa de JOHN BUNYAN adquire novos contornos graças à edição revisada do texto, inspirando o leitor a rever a própria trajetória de vida enquanto acompanha a épica saga da personagem cristão à Cidade Celestial.


Na segunda metade do século XVII, o cenário religioso da Europa era conturbado. Apesar do domínio geográfico e político, o cristianismo se estilhaçava em cisões. Até mesmo o protestantismo, que resistira à Contra-reforma e a ataques como o da malfadada Noite de São Bartolomeu - massacre que ceifou a vida de mais de setenta mil huguenotes franceses um século antes - , enfrentava o problema d divisão, muitas vezes promovida por pessoas ou grupos motivados pelo desejo autêntico de servir a Deus de maneira abnegada, não importando os obstáculos no caminho.

Tal itinerário de santidade e pureza transformou-se, para muitos, em ideal de vida piedosa. A alegoria mais bem elaborada dessa busca se encontra nas páginas de O PEREGRINO, considerado o primeiro clássico de ficção cristã de todos os tempos.

Dissidente do anglicanismo, John Bunyan traduziu de maneira singular o conflito de pessoas que, como ele, empreendiam uma jornada espiritual tão árdua quanto longa, e ainda assim gratificante.

No entanto, considerar a caminhada de Cristão unicamente uma metáfora da vida devocional é um equívoco. Os ambientes, as situações e os demais personagens também fazem alusões recorrentes - ainda que discretas, ou mesmo escamoteadas - ás mazelas da sociedade, à corrupção das cortes e à institucionalização que tomou conta da Igreja, roubando seu caráter mais preciso: o de agência de promoção da espiritualidade e da comunhão com Deus.

O próprio clero desfila sutilmente em passagens como a da Feira das Vaidades; Malícia e Adulação cabem perfeitamente como símbolos das artimanhas do poder. Como que antevendo reações a sua obra, o autor a apresenta em forma de apologia poética, um recurso igualmente utilizado para preparar o leitor para as inovações que introduz á narrativa.

Bunyan também ilustra com grande habilidade as fragilidades da estrutura humana. Cristão, por vezes, é vacilante ou confuso. Não consegue evitar as agruras do castelo da Dúvida ou do pântano do Desânimo. No entanto, sua obstinação por alcançar a Cidade Celestial é a força que o leva mais além. Tão empolgante quanto sua motivação é saber que o destino do peregrino é glorioso, não importa a duração e a rudeza da trilha que toma.


JOHN BUNYAN nasceu em 1628, na Inglaterra. Depois de passar por vários conflitos pessoais e familiares durante a juventude, desvinculou-se da Igreja Anglicana e tornou-se pastor de um grupo independente. Casou-se duas vezes e teve seis filhos: quatro com Mary e dois com Elizabeth. Por sua rebelião contra a igreja oficial, foi preso duas vezes. Durante o segundo período de cárcere deu início ao texto de O PEREGRINO, cuja primeira parte foi lançada em 1678. John Bunyan imaginou uma história que fortalecesse a si mesmo, a família e a congregação. A segunda parte, publicada separadamente pelo Mundo Cristão sob o título A PEREGRINA, foi lançada em 1684.

O PEREGRINO adquiriu rapidamente a fama de maior alegoria já escrita e cuja influência perpassa séculos.


#ficaadica

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