Minha irmã Luciana Brambilla e eu morávamos juntos
há pouco tempo, quando, em 20 de dezembro de 2004, ela e eu deixamos de ser
par. O lar tornou-se ÍMPAR, na mais bela concepção da palavra. Pequeno Caio
chegou em nossas vidas. No começo, confesso que senti medo. Um serzinho passou
a depender de nós. Em fevereiro de 2005, Caio tornou-se especial em todos os
sentidos da palavra "ESPECIAL": fisicamente, espiritualmente, e,
principalmente, no que diz respeito à mudanças. Ele nos fez crescer de todas as
formas aplicáveis a um ser humano. Durante quase três anos e sete meses, Caio
nos ensinou o amor incondicional; a simplicidade da vida, que geralmente passa
despercebida. Quando busco um misto de MULHER, MÃE e GUERREIRA numa única
pessoa, é a imagem de Luciana que me vem à cabeça. Do misto de dor e amor que
ela sentiu durante a vida de seu Pequeno, apenas um grão de areia pode
representar o que presenciei; e o que presenciei não cabe no mundo. Lutamos
juntos cada segundo; sofremos cada recaída de Caio. Cheguei a pedir para trocar
de lugar com ele; desespero de quem quer ver feliz aqueles a quem se ama. Mas
tal possibilidade não me cabia. Era deles o martírio, a sina, a missão ou o que
quer que seja. Chorei quietinho muitas e muitas vezes no escurinho do meu
quarto. Eu tinha de ser forte para não desestabilizar Luciana. Em cinco de
julho de 2008, Caio nos deixou. Até hoje não consigo explicar nem essa dor que
não me dói, nem essa saudade que não me machuca. Caio é meu anjo, minha prece,
minha superação quando não estou muito bem. Foi muito fácil amá-lo. Foi muito
doloroso aceitar a sua partida. Com o tempo é que tive um "insight":
"Não, ele
não foi embora! Como é que ele foi embora se eu o sinto aqui dentro do peito? O
seu sangue está misturado ao meu sangue, circulando aqui no meu coração, renovando
energia e distribuindo-a por tudo o que faz de mim ser quem eu sou. Como ele
pode ter ido embora se em minha mente sua imagem se transforma ano a ano como
se eu acompanhasse o seu crescimento? Não, Caio não nos deixou! Ele apenas
livrou-se de seu corpo frágil porque sua alma precisava de liberdade. E a
liberdade de uns, muitas vezes, deixa marcas nos corações daqueles que se
prendem demais."
Então essa
também foi uma de suas razões, menino? Nos ensinar o desapego? Você ensinou
infinitamente mais que isso: ensinou que a vida não é um "CONSTRUIR
COISAS" e sim uma "CONSTRUÇÃO E LAPIDAÇÃO DO SER". Hoje eu sei
que Luciana "É"; Hoje eu sei que também "SOU". E você, meu
anjo, "É" em mim o tempo todo. Nestes onze anos que incluem vidas
física e metafísica, te dei cada presente de natal, todos os presentes de
aniversário e todos os presentes do dia das crianças.
Eu costumava velar por você todas as
noites para que tu não tivesses medo. "Tolo! Como sou tolo!", pensei
depois de um tempo. Quem têm medos sou eu, que já estou contaminado, em cada
centímetro do que me dá forma, pelos vícios e mazelas da sociedade.
E descobri: VOCÊ
É QUEM ME ACALMA OS MEDOS... QUEM ME FAZ SEGUIR EM FRENTE... QUEM ME FAZ QUERER
SER BOM e, PRINCIPALMENTE, QUEM ME FAZ ACREDITAR QUE A VIDA PODE SER LEVE E
COLORIDA.
Caio
Brambilla Benincasa, 20/12/2015: 11 aninhos entre existências física e
metafísica.
AMOR,
Tio Éd
Namastê!
PS.
Cada mãe e cada pai que chegar até o final deste texto, pegue seu filhinho ou
sua filhinha (não importa a idade) e diga o quanto o ama ou a ama. Abracem-se
bem forte por um minuto. Sintam-se; troquem energias; amem-se como se o tempo
houvesse parado.
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