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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

PARA CAIO E LUCIANA


Minha irmã Luciana Brambilla e eu morávamos juntos há pouco tempo, quando, em 20 de dezembro de 2004, ela e eu deixamos de ser par. O lar tornou-se ÍMPAR, na mais bela concepção da palavra. Pequeno Caio chegou em nossas vidas. No começo, confesso que senti medo. Um serzinho passou a depender de nós. Em fevereiro de 2005, Caio tornou-se especial em todos os sentidos da palavra "ESPECIAL": fisicamente, espiritualmente, e, principalmente, no que diz respeito à mudanças. Ele nos fez crescer de todas as formas aplicáveis a um ser humano. Durante quase três anos e sete meses, Caio nos ensinou o amor incondicional; a simplicidade da vida, que geralmente passa despercebida. Quando busco um misto de MULHER, MÃE e GUERREIRA numa única pessoa, é a imagem de Luciana que me vem à cabeça. Do misto de dor e amor que ela sentiu durante a vida de seu Pequeno, apenas um grão de areia pode representar o que presenciei; e o que presenciei não cabe no mundo. Lutamos juntos cada segundo; sofremos cada recaída de Caio. Cheguei a pedir para trocar de lugar com ele; desespero de quem quer ver feliz aqueles a quem se ama. Mas tal possibilidade não me cabia. Era deles o martírio, a sina, a missão ou o que quer que seja. Chorei quietinho muitas e muitas vezes no escurinho do meu quarto. Eu tinha de ser forte para não desestabilizar Luciana. Em cinco de julho de 2008, Caio nos deixou. Até hoje não consigo explicar nem essa dor que não me dói, nem essa saudade que não me machuca. Caio é meu anjo, minha prece, minha superação quando não estou muito bem. Foi muito fácil amá-lo. Foi muito doloroso aceitar a sua partida. Com o tempo é que tive um "insight":
"Não, ele não foi embora! Como é que ele foi embora se eu o sinto aqui dentro do peito? O seu sangue está misturado ao meu sangue, circulando aqui no meu coração, renovando energia e distribuindo-a por tudo o que faz de mim ser quem eu sou. Como ele pode ter ido embora se em minha mente sua imagem se transforma ano a ano como se eu acompanhasse o seu crescimento? Não, Caio não nos deixou! Ele apenas livrou-se de seu corpo frágil porque sua alma precisava de liberdade. E a liberdade de uns, muitas vezes, deixa marcas nos corações daqueles que se prendem demais."
Então essa também foi uma de suas razões, menino? Nos ensinar o desapego? Você ensinou infinitamente mais que isso: ensinou que a vida não é um "CONSTRUIR COISAS" e sim uma "CONSTRUÇÃO E LAPIDAÇÃO DO SER". Hoje eu sei que Luciana "É"; Hoje eu sei que também "SOU". E você, meu anjo, "É" em mim o tempo todo. Nestes onze anos que incluem vidas física e metafísica, te dei cada presente de natal, todos os presentes de aniversário e todos os presentes do dia das crianças.
Eu costumava velar por você todas as noites para que tu não tivesses medo. "Tolo! Como sou tolo!", pensei depois de um tempo. Quem têm medos sou eu, que já estou contaminado, em cada centímetro do que me dá forma, pelos vícios e mazelas da sociedade.
E descobri: VOCÊ É QUEM ME ACALMA OS MEDOS... QUEM ME FAZ SEGUIR EM FRENTE... QUEM ME FAZ QUERER SER BOM e, PRINCIPALMENTE, QUEM ME FAZ ACREDITAR QUE A VIDA PODE SER LEVE E COLORIDA.

Caio Brambilla Benincasa, 20/12/2015: 11 aninhos entre existências física e metafísica.

AMOR,
Tio Éd

Namastê!

PS. Cada mãe e cada pai que chegar até o final deste texto, pegue seu filhinho ou sua filhinha (não importa a idade) e diga o quanto o ama ou a ama. Abracem-se bem forte por um minuto. Sintam-se; troquem energias; amem-se como se o tempo houvesse parado.

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