Aconteceu
em mais um sonho doido; eu, que sonho num dia sim e noutro também:
Fazia muito calor... Eu estava
sentado num banco em frente à casa de minha mãe... Lembrei-me de repente que,
quando criança, vendera muito sorvete... Então resolvi vender sorvete depois de
adulto também... Como no sonho tudo acontece mais rápido do que no pensamento,
na cena seguinte lá estava eu com uma caixinha de isopor a tiracolo, cheia de
sorvetes... E o som do apito era o mesmo do tempo de criança... RiPiPiiii...
RiPiPiiii... Então apareceu o primeiro freguês... Nunca o tinha visto antes...
Nem na vida e nem nos sonhos... "-Quero um sorvete de cobra, moço! Mas tem
de ser cobra coral, que é muito melhor!..." Sem problemas, sonho é sonho...
Entreguei o sorvete de cobra coral para o freguês... Uma freguesa quis sorvete
de esquilo... Um menino pediu sorvete feito de "menina"... E como
tudo na vida tem seu equilíbrio, uma garota pediu sorvete de
"moleque"... E exigiu: "-Só serve se for moleque
bonito!..." Teve homem pedindo sorvete de Anjelina Jolie e mulher querendo
sorvete de Brad Pitty... E todos os sorvetes eram do tamanho natural dos
desejos... Minha nossa, como é que cabe tanta coisa grande numa caixa tão
pequena?! Mas no sonho tudo é possível... E tão possível foi o último sorvete
da caixa: um sorvete de sapo... Era tanta gente querendo aquele sorvete
esverdeado e olhudo, que tive de fazer leilão! Por fim, ninguém levou o sorvete
feito de sapo... Ele saltou da caixa e sumiu saltitante por entre um matagal
que aparecera do nada... "Do nada" lá isso também é possível, afinal,
o sonho é um nada que a gente preenche com o que quiser... Só não entendi o por
quê de tanto desespero por conta de um picolé de sapo... Gente louca, hein!
Éd Brambilla. CRÔNICA. OS ESTRANHOS
PICOLÉS. 30/11/2014.
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