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terça-feira, 22 de abril de 2014

CRÔNICA DA VIDA REAL


Está com dor-de-cabeça? Vinte gostas de “PipiDog” não resolvem, mas é bom pra cachorro! Seria trágico se não fosse cômico. No dia 17 de fevereiro de 2014, cheguei da faculdade com uma tremenda cefaleia. Dentro da cabeça, era como se houvesse uma máquina de relógio a corda com as engrenagens soltas, batendo para todos os lados da caixa craniana. Tudo parecia distorcido a minha frente. Olhei em direção ao móvel onde fica a televisão e visualizei a solução para o meu sofrimento: um lindo frasco branco de ‘Dipirona’ em gotas. Não gosto de remédio em gotas, mas, na falta de um comprimido, é uma pequena felicidade que invade a alma. Tomei apenas vinte gotas. Ai, de mim! Momentos depois, uma chuva de estrelinhas invadiu a minha mente. A cefaleia dobrou de intensidade, os músculos do corpo todo pareciam especialistas em contorcionismo. Uma contorção generalizada. O estômago, ah, o estômago! O pobrezinho esgoelava-se em cãimbras. Entre náuseas, estrelinhas, cãimbras, e muito contorcionismo, passei a madrugada em claro, pensando em como eu poderia sobreviver para concluir o curso de Letras. “-A ‘Dipirona’ só pode estar com o prazo de validade vencido” – pensei. De manhã, um pouco melhor, fui olhar o prazo de validade do remédio. V-A-L-H-A - M-E  D-E-U-S!!! Não era ‘Dipirona’, era ‘PipiDog’, uma substância veterinária usada para adestrar cachorros a fazerem suas necessidades em um determinado canto da casa. “-Pronto, se eu não morri por conta do remédio, vou morrer de susto e desespero!” – conclui, paralisado em frente ao móvel da televisão, segurando o frasco de ‘PipiDog’ que tem alma de ‘Dipirona’. Lembrei-me de um ditado budista: “Se um problema tem solução, não adianta preocupar-se; se um problema tem solução, para que preocupar-se?” Não havia o que fazer, portanto, voltei para a cama, e, ali, quietinho, esperei o meu veredicto: morrer ou continuara vivendo. As horas foram passando, a cefaleia também. Os efeitos inusitados do ‘remedinho’, aos poucos, desapareceram. Já à noitinha – não tive condições físicas e psicológicas para ir à aula -, tudo estava como se nada houvesse acontecido. Alimentei-me bem e tomei bastante líquido. Ah, e descobri uma forma de fazer com que os caninos demonstrem com muito entusiasmo o seu amor para com o dono, através da ‘lambeção’: Lilica e Leleca, as ‘yorks’, passaram o dia lambendo-me feito umas doidas. Moral da história: ‘PipiDog’ não mata, mas só é bom pra cachorro!


Éd Brambilla. Crônica da Vida Real. 18/02/2014.

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