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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DEUS E AS POSSIBILIDADES



Aconteceu assim: passei algumas horas sem o dom para as coisas complexas do processo humano, aquelas incompreensões que, quando vem, costumamos dizer: "Nem Freud explica", o que revela tão somente nossa incapacidade de compreensão. “Se Freud não explica, por que diabos eu tenho que saber?” Apenas as coisas da grande criação me fizeram sentido, todas elas cheias de explicações. Pequenas e grandes possibilidades da natureza divina, o que, por si só, é uma dádiva. Então fui ter com as formigas - essas com asas. E me enchi de encantamento: então formigas com asas – embora pequenas – são uma possibilidade? Formigas com asas são anunciadoras de Deus. Sei disso porque a esposa de um pescador contou-me que essas pequenas benfazejas são a própria anunciação de uma chuva esperada com todo o respeito, e até com resignação às vezes. E o mundo precisa de chuva, e precisa também de formigas aladas. Formigas de menos é pouca chuva - um breve espirro de Deus. Formigas demais é o excesso - é a chuva que arrasta tudo o que dá para ser arrastado. É a pura cólera divina. É Deus descontente com sua criação secundária, porque também Ele precisou expurgar de dentro de si as suas agruras. Só por esse motivo é que Deus criou o Homem. E criou antes disso a natureza, sua grande inspiração. E deixou o Homem aos cuidados dela. É pura vaidade humana a crença do processo contrário. E é por isso que existem os terremotos e maremotos e as pragas e as secas e as enfermidades. É a Natureza rearranjando o mundo face às desordens da Humanidade. Deus é a própria Natureza, que cura e devasta. E cabe a cada um a consciência da salvação, pois a responsabilidade de chegar até Deus é humana. Deus não precisa do Homem. E não escolhe ninguém, e nunca escolheu. Nós é que precisamos e temos a chance de escolhê-lo.


Éd Brambilla. Crônica. DEUS E AS POSSIBILIDADES 19 de Fev. de 2013.


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