Não há como não enternecer-se diante de um
fato tão hediondo como o ocorrido em Realengo, no Rio de Janeiro. E o fato
de serem crianças as vítimas, torna o horror dentro de cada um ainda mais
pungente. A Sociedade busca uma explicação. A verdade é que não existem
argumentos para explicar o que é inexplicável. Vingança é um paliativo que as
pessoas precisam e querem para amenizar a sensação de tamanha impotência e
passividade diante do acontecido, como forma de lavar a alma. Em um ato não
menos covarde, o autor de tamanha atrocidade comete suicídio. E agora, a quem
punir? Mais simples seria se o homicida/suicida se deixasse ser abatido pela
população. Dizer que o acontecido é culpa do ensino oferecido pelas
instituições, da falta de segurança pública, da política, da internet, de cunho
religioso e de tantos outros fatores tão recheados de razões, neste caso, não
faz sentido algum, visto que todos nós estamos no mesmo barco em que esteve o insano
rapaz. O que nos resta é uma reflexão profunda sobre nossos reais valores
enquanto seres humanos e sobre tantas questões que envolvem a formação de nosso
caráter. Vivemos atualmente em um mundo repleto de armadilhas que permeiam o
imaginário e que, muitas vezes, nos tiram da realidade. Com certeza existem
muitas pessoas com algum grau de insanidade espalhadas mundo afora. São bombas
inflando dia-a-dia. E não há como saber onde e como cada uma dessas bombas
explodirá, embasada em razões que a própria razão desconhece. Ficar em
respeitoso silêncio é o que se pode fazer neste momento. De resto, não há o que
se fazer.
Éd Brambilla. CRÔNICA. Crianças de Realengo:
uma chacina. 2012.
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